terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

NÃO LEVE PARA O LADO PESSOAL!

Como diria Hegel, “as tragédias verdadeiras no mundo não são conflitos entre o certo e o errado. São conflitos entre dois direitos." Essa frase ilustra um pouco uma situação vivida nos ambientes de trabalho no mundo e principalmente no Brasil.
Parece existir um mito em torno da idéia de que em nosso país prevalece uma total tolerância em relação a diversidade, seja ela de idéias, preceitos religiosos, sexuais, etc, mas bem sabemos que isso não é verdade.
O conflito de idéias, personalidades são uma constante em qualquer ambiente de trabalho. Uma pesquisa realizada recentemente com mais de cinco mil funcionários, em nove países, mostrou que 85% deles já presenciaram algum tipo de conflito no trabalho.
Até aí tudo bem, o conflito no trabalho não é novidade nenhuma no mundo, porém, constatou-se que os brasileiros são os que mais levam o conflito para o lado pessoal.
Se você já presenciou alguma reunião de trabalho onde as discussões centravam-se muito mais na vaidade e no ego dos seus participantes do que necessariamente nos reais problemas, não foi impressão sua, a principal causa de conflitos dentro do trabalho se dá em virtude da diferença de personalidade, conflito de ego. A pesquisa demonstrou que cerca de 49% dos entrevistados já presenciaram este tipo de conflito. As pessoas se preocupam muito mais em competir para ver quem tem mais poder do que se debruçarem sobre a solução dos problemas que realmente interessam.
Outras causas dos conflitos apontados por essa pesquisa foi o stress com 34% e a excessiva carga de trabalho, citado em 33% dos entrevistados.
Creio que este estudo deveria ser realizado nas pequenas cidades, pois ao que tudo indica os conflitos pessoais e profissionais nesses locais parecem ter um peso substancial na vida cotidiana. Antes de se avaliar a capacidade profissional de uma pessoa ela é pré-julgada por seus laços de parentesco, por seu posicionamento político, social, etc. Certos empregadores analisam seus candidatos não somente por suas habilidades profissionais, mas, também por informações sobre características de sua família (não importa quem você é sempre será lembrado por algum erro que cometeu ou que algum membro de sua família cometeu), sua ligação a partidos políticos (em pequenas cidades ou você é situação ou você é oposição), ou até mesmo pela falta de informações (se não existem informações a seu respeito na cidade você será considerado uma ameaça em potencial).
O lado pessoal parece prevalecer sobre o profissional e com isso o que vemos é o provincianismo que infecta o setor público, privado e até a sociedade civil organizada. Nesse último caso, é muito comum encontrarmos pessoas que atuam em diversas órgãos de representação mas que não possuem nenhum compromisso efetivo ou afinidade com nenhum os órgãos que representa, afinal, não se trata de debater os reais problemas dessas entidades e sim aparecer a qualquer custo, obter os louros políticos em toda e qualquer oportunidade.
Os conflitos não têm apenas o lado negativo, o conflito de ideias, por exemplo, quando conduzido com profissionalismo leva a busca de trás soluções criativas para problemas de afetam o conjunto. Saber ceder a ouvir os argumentos alheios é um claro sinal de inteligência.
Em nossa sociedade estamos rodeados por conflitos, sejam profissionais, pessoais, afetivos e outros, mas isso não quer disser que conflitos se traduzam em violência física ou moral ou disputa de poder. Mesmo estando sozinhos somos assolados por conflitos internos e existenciais, mas como diria o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, é preciso ter o caos dentro de si para dar a luz à uma estrela.

Luiz Fernando Roscoche.

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