terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Lei do menor esforço

Com o advento do processo de globalização muitos acreditaram que esta seria uma oportunidade para democratizar o conhecimento e até mesmo facilitar muitos processos da vida moderna através do uso de novas técnicas e tecnologias. Com isso surge um culto “a lei do menor esforço”, seja em termos físicos como em termos intelectuais, os meios de transporte, o processo de alimentação, as ferramentas de trabalho tornam-se cada dia mais complexas e modernas e implicando um esforço mínimo. Até mesmo os meios de comunicação e outros agentes sociais pregam a “lei do menor esforço”, apresentando noticias e informações através de diferentes meios e sob as mais diversas formas.
Nos filmes norte-americanos, por exemplo, é comum vermos as universidades tidas como lugares de festas e orgias, onde predominam certas fraternidades, (geralmente lideradas por jogadores de futebol americano, ignorantes, fortes, bonitos e populares e sempre tendo em sua as garotas mais bonitas do colégio), por outro lado, existe um outro grupo conhecido como “nerds”, ou seja,  formado por estudantes inteligentes e aplicados, que por sua vez são caracterizados como pessoas patéticas, feias e impopulares e que levam um estilo de vida enfadonho.
E como nosso país é extremamente influenciado pelo “american way life” (estilo de vida americano), é possível perceber que existe um preconceito a “inteligência” e um culto a ignorância. Estudar é coisa de C.D.F., de nerd, legal mesmo é ser malandro e faltar a aula para namorar, fumar maconha, beber ou simplesmente para causar desordem. Em nossas instituições de ensino (principalmente de ensino fundamental e médio) os alunos parecem cultuar a “lei do menor esforço”, que tem como principio básico esforço mínimo do aluno e exigência máxima dos professores e da instituição. Esta lei pressupõe um esforço intelectual mínimo, a cabulação de aulas, a prática da cola em provas, cópia de trabalhos da internet e de colegas e outros. Por outro lado, também existe a “filosofia de ser mal”, de ser um “bad boy” (garoto mal), bem no estilo norte-americano. Tal filosofia implica um comportamento quase que animalesco dos alunos, tornando-os depredadores de seu próprio ambiente de estudo e exímios agressores físicos e verbais de colegas e professores (afinal, aqueles que não conseguem chamar a atenção pelos seus dotes intelectuais, procuram chamar a atenção por agressões físicas e verbais).
A “lei do menor esforço”, não se restringe apenas a ambiente escolar, prova disso é o desejo de um grande número de pessoas em se tornar famosos jogadores de futebol, pagodeiros de fama nacional, dançarinas de algum grupo de pagode ou ainda algum político. Os desejos em torno dessas funções são alimentados pelo desejo rápido de sucesso, dinheiro, fama e poder, e na medida do possível sem fazer muito esforço.
Você já viu algum jovem externando o desejo de se tornar um cientista famoso, ou um grande escritor? Quantos jogadores de futebol ou dançarinas de pagode você vê por dia na televisão dando entrevista e quantos cientistas, escritores e professores? Você é capaz de lembrar o nome de quatro pessoas que receberam um Prêmio Nobel? Você é capaz de lembrar o nome de quatro integrantes do BIG BROTHER BRASIL?
O fato é que no discurso nos podemos até valorizar o ensino e o conhecimento mas na prática, reconhecemos e valorizamos muitas personalidades que não são reconhecidas pelo que sabem mas sim pelo poder, fama e status social que possuem ou simplesmente pelos seus atributos físicos.
Muitos setores da sociedade agradecem esta situação de acefalia da população, pois ambos podem ficar livres para manipular as pessoas da forma que desejarem, transformando as pessoas em “meios cidadãos” e “consumidores mais que perfeitos”.

Luiz Fernando Roscoche

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