Vergonha é a palavra que melhor define o sentimento de grande parte da população do Paraná em relação a Assembléia Legislativa do Estado do Paraná (ALEP).
No dia 16 de março de 2010 vem a público o resultado de quase dois anos de investigação dos jornalistas Karlos Kohlbach, Katia Brembatti, James Alberti e Gabriel Tabatchek, que analisaram mais de 700 diários oficiais editados entre 1998 e 31 de março de 2009.
Essa investigação apurou que entre janeiro de 2006 e março de 2009, a existência de 2.178 atos secretos do Legislativo, que segundo os jornalistas, serviriam para ocultar nomeações, demissões e pagamentos irregulares. Sem numeração os diários impossibilitam a fiscalização por parte da sociedade. Calcula-se que nesse período, tenha ocorrido cerca de 1,8 mil contratações dessa forma. Entre essas contratações estariam moradores do litoral de Santa Catarina, ex-deputados, agricultores e outros que, ou são funcionários fantasmas ou são usados como “laranjas” para o desvio de dinheiro da Assembléia.
Segundo o chefe do arquivo da Assembléia, Walter Kraft, desde 2008, a desculpa comumente dada a imprensa (para que não tenham acesso aos diários) é de que estes estariam sendo encadernados. Funcionários da assembléia teriam dito, “que é intencional o fato do setor ainda não ser informatizado”. Existiria um espaço dentro da Assembléia, onde muitos documentos ficam guardados, mas o acesso seria restrito somente a pessoal autorizado pelo então do diretor-geral da ALEP, Abib Miguel. .
É interessante observar que a imprensa conseguiu descobrir o que o Tribunal de Contas deixou passar. O Tribunal de Contas do Estado, responsável por fiscalizar a aplicação do dinheiro público nos municípios e órgãos estaduais no Estado do Paraná aprovou por unanimidade e sem restrições as últimas três prestações de contas da ALEP, dos anos de 2006, 2007 e 2008.
Somente depois de quase dois meses do escândalo é que o Ministério Público do Paraná denunciou os três ex-diretores da Assembléia Legislativa do Paraná e o funcionário João Leal de Mattos, por desvio de dinheiro público, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
Após as denuncias, “os ratos” começaram a abandonar o barco que estava afundando, primeiro foi Abib Miguel que pediu afastamento no dia 18 de março, seguido por seu braço direito José Ary Nassiff no dia 22 de março.
Muitos acham pouco provável que todas essas irregularidades tenham ocorrido sem o conhecimento de Nelson Justus, porém, este se nega a deixar a presidência da casa.
Somente os deputados Douglas Fabrício, Felipe Lucas, Marcelo Rangel, Tadeu Veneri e Ney Leprevost, tornaram público seu pedido de afastamento do presidente da casa.
Em contraposição, entre os favoráveis pela permanência de Nelson Justus, está o deputado Jocelito Canto. Além de defender o presidente da Assembléia, o deputado virou noticia nacional, quando em pronunciamento no plenário da Assembléia no dia 14 de março, teria dito que o caixa 2 é normal na vida pública e que “está presente em todas as eleições”.
Em meio a tantas denuncias, estudantes iniciaram uma onda de protestos. Um deles ocorreu no dia 21 de abril, quando estudantes adentraram a Assembléia e teriam sido revistados e agredidos por seguranças. O primeiro-vice-presidente da Casa, Antônio Anibelli (PMDB) teria ameaçado “dar um soco na cara” do tesoureiro da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes), José Le Fenechl Neto, caso ele colasse um adesivo do Movimento Caça-Fantasma na lapela de seu terno. Anibelli teria proferido ainda a seguinte frase “Escuta aqui, rapaz, aqui quem manda sou eu, não é você”.
O deputado Anibelli parece não gostar muito de alguns direitos constitucionais como liberdade de expressão e liberdade de imprensa pois na ultima quarta-feira proibiu a entrada da imprensa no local para registrar a sessão. Segundo o “nobre” deputado, algumas pessoas estariam circulando no ambiente com roupas inadequadas e atrapalhando as discussões.
Segundo o site Bem Paraná, a decisão de Anibelli ocorreu após instauração de inquérito pelo Ministério Público do Paraná para investigar todos os membros da Mesa Executiva da Casa, entre eles, o próprio Anibelli.
Talvez alguns deputados tenham esquecido que num regime democrático, o povo dá e o povo tira o poder, seja através do voto ou do impeachment.
Tentativas de silenciar protestos pacíficos e a própria imprensa nos fazem lembrar dos obscuros tempos das ditaduras.
Felizmente, esse é um ano de eleições onde mais uma vez o povo terá a oportunidade de renovar a política de nosso país e de nosso Estado.
Fonte de dados e informações: Gazeta do Povo
Luiz Fernando Roscoche
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