As cidades são hoje o centro das atenções na sociedade moderna, seja pela sua importância econômica, política, cultural e ambiental.
Nosso país se torna cada dia mais urbano, possuindo uma média de mais de 80% da população vivendo nas cidades, fato este que possui tanto repercussões positivas quanto negativas na sociedade, na política, na economia, no meio ambiente e na cultura de um local.
Segundo o professor Doutor Adir Ubaldo Rech, o poder político nasceu nas cidades, sendo portanto, o embrião do Estado Moderno. Porém, o Estado passou gradativamente a se apropriar do poder e os recursos das cidades, enfraquecendo assim o poder local. É na escala local onde as necessidades do povo são efetivamente sentidas. Os órgãos do governo federal e estadual muitas vezes se mostram lentos e ineficientes no atendimento das necessidades dos munícipes.
Outro problema é a falta de autonomia legal dos estados e municípios que devem se submeter ao controle da União. Porém torna difícil em um país “continental” como o Brasil, onde os centros de poder ficam longe (seja em termos físicos ou políticos) da população, e por isso, não contemplam suas realidades. Assim, muitas vezes elaboram-se projetos, leis e outros que não possuem efetividade, legitimidade e eficiência nas escalas regionais, estaduais e locais.
O Estado por sua vez parece abrir mão de suas responsabilidades, mas não de seus recursos financeiros, prova disso é a regionalização e municipalização de muitos serviços antes prestados pelo Estado. O grande problema que se aponta é que o processo de descentralização das ações do Estado não são acompanhados de uma autonomia plena e muito menos com o repasse de recursos e o auxilio técnico necessário as escalas inferiores de governo.
Existe hoje uma profusão de normas e leis municipais que não é acompanhada proporcionalmente pela sua efetiva aplicação. Como diria o professor Doutor Adir Ubaldo Rech “cumprir as imposições legais é muito simples, mas assegurar qualidade de vida e evitar o caos é uma tarefa complexa”. Assim, não basta que as leis locais sejam cumpridas, é preciso existir um projeto de cidade mais amplo que não se restrinja a duração de mandatos políticos e que sobretudo seja reflexo dos desejos e necessidades de toda a sociedade e não somente de técnicos e dirigentes políticos.
Não é mais possível nos portarmos de maneira paternalista, esperando que o poder público revolva os problemas particulares de cada um ou de determinadas classes ou grupos sociais, devemos sim, participar de um projeto comum de cidade de maneira a gerar benefícios à toda a sociedade. Para isso, torna-se necessário que sejamos sujeitos conscientes do nosso passado e ativos na construção do presente e do futuro de nossas cidades.
A construção holística de uma cidade implica e existência e o comprometimento de todos os envolvidos de um projeto de cidade bem definido, que não fique a mercê dos interesses do mercado, crescendo de forma aleatória e caótica, flagelando a sociedade e seu meio ambiente.
A cidade segundo Aristóteles, deveria representar o auge da evolução da sociedade e da natureza humana de maneira a promover a segurança e o bem estar, porém em muitos grandes centros urbanos, a cidade representa o fim da própria dignidade humana, um local de violência, miséria e abandono.
Luiz Fernando Roscoche
quarta-feira, 17 de março de 2010
terça-feira, 2 de março de 2010
Outro mundo é possível
Em face a ineficiência do estado em promover a defesa dos interesses sociais, nos últimos anos viu-se crescer de maneira significativa o número de organizações não governamentais, chegando no final do século XX a atingir a cifra de 20.000 organizações. Organizações estas que vem se servindo das mesmas “armas”, do processo de globalização, ou seja, utilizando-se das tecnologias de comunicação, como a internet, por exemplo. Esta se criando gradativamente no mundo inteiro, uma rede de pessoas ligadas por interesses comuns, que trocam informações e criam mobilizações no sentido da defesa de seus interesses. Um exemplo nítido deste processo ocorreu no ano de 1999 em Seattle, nos Estados Unidos, quando mais de 50.000 mil pessoas, de 700 organizações diferentes fizeram um protesto contra a reunião da Organização Mundial do Comércio, organizada pelo Fórum nacional de sobre a Globalização. O mais interessante é perceber que dentre as organizações que participaram deste protesto contra a globalização era possível encontrar entidades ligadas a sindicatos, entidades de defesa dos direitos humanos, ambientalistas, etc. A diversidade da composição deste protesto mostra na verdade o senso de cidadania das pessoas que sabem que as políticas arbitrárias da OMC, priorizam o sistema econômico e esquecem do social, sejam eles operários, ambientalistas, funcionários públicos, etc. Muitas vezes não é raro a mídia nacional e até internacional mostrar uma visão deturpada e descontextualizada por estes movimentos sociais, tidos como exemplos de caos e desordem. Certamente podemos encontrar alguns baderneiros entre os manifestantes, mas eles certamente não são a maioria.
Por outro lado, é possível compreender estas explosões de violência quando se percebe que mesmo que se dialogue, discuta e se manifeste, a voz da sociedade não é ouvida pelas autoridades mundiais. Além de não ouvir o Estado usa da legitimação da forças policiais e militares para impedir manifestações, infringindo não só os direitos humanos, mas a própria democracia. Prova disso é que muitos países e protestos no mundo inteiro não foram o bastante para deter o ataque americano ao Iraque, que agiu de maneira unilateral e bárbara, da mesma forma com vêem procedendo em relação aos acordos ambientais internacionais.
A Coalizão de Seattle em 2001 de forma pacífica realizou no Brasil um dos maiores acontecimentos sociais do mundo, com a realização do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, quando milhares de ativistas pesquisadores e outras pessoas das mais diversas partes do mundo se reuniram para discutir em torno do lema “Um outro mundo é possível”. Quase em concomitância com este evento uma pequena elite do poder mundial se reunia em Davos na Suíça para decidir o futuro econômico do mundo, através do Fórum Econômico Mundial. Percebe-se assim uma visão extremamente estreita dos líderes mundiais que enxergam o sistema econômico com um fim em si mesmo, não percebendo que este deve existir em função de uma sociedade. Sociedade esta que paga diariamente pelos impactos gerados pelo modelo econômico vigente, pois este por sua vez, se esquece que uma sociedade acaba pagando não só os custos econômicos, mas também os custos sociais e ambientais do modelo de “desenvolvimento”.
Acredito que um “Outro mundo é possível”, quando esquecemos as diferenças e nos unimos em prol da resolução de problemas em comum. Acredito ainda que a defesa de nossos direitos não deve ser feita somente por um ou outro grupo as sociedade mas sim um por todos, num exercício de cidadania.
Luiz Fernando Roscoche
Por outro lado, é possível compreender estas explosões de violência quando se percebe que mesmo que se dialogue, discuta e se manifeste, a voz da sociedade não é ouvida pelas autoridades mundiais. Além de não ouvir o Estado usa da legitimação da forças policiais e militares para impedir manifestações, infringindo não só os direitos humanos, mas a própria democracia. Prova disso é que muitos países e protestos no mundo inteiro não foram o bastante para deter o ataque americano ao Iraque, que agiu de maneira unilateral e bárbara, da mesma forma com vêem procedendo em relação aos acordos ambientais internacionais.
A Coalizão de Seattle em 2001 de forma pacífica realizou no Brasil um dos maiores acontecimentos sociais do mundo, com a realização do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, quando milhares de ativistas pesquisadores e outras pessoas das mais diversas partes do mundo se reuniram para discutir em torno do lema “Um outro mundo é possível”. Quase em concomitância com este evento uma pequena elite do poder mundial se reunia em Davos na Suíça para decidir o futuro econômico do mundo, através do Fórum Econômico Mundial. Percebe-se assim uma visão extremamente estreita dos líderes mundiais que enxergam o sistema econômico com um fim em si mesmo, não percebendo que este deve existir em função de uma sociedade. Sociedade esta que paga diariamente pelos impactos gerados pelo modelo econômico vigente, pois este por sua vez, se esquece que uma sociedade acaba pagando não só os custos econômicos, mas também os custos sociais e ambientais do modelo de “desenvolvimento”.
Acredito que um “Outro mundo é possível”, quando esquecemos as diferenças e nos unimos em prol da resolução de problemas em comum. Acredito ainda que a defesa de nossos direitos não deve ser feita somente por um ou outro grupo as sociedade mas sim um por todos, num exercício de cidadania.
Luiz Fernando Roscoche
segunda-feira, 1 de março de 2010
TURISMO RURAL: POTENCIALIDADE OU PRODUTO?
Assim como toda pessoa possui uma vocação, as cidades possuem as suas vocações, tendências que são constatadas através de sua caracterização produtiva, de sua mão-de-obra, sua localização geográfica, e mais alguns fatores que incidem na sua identidade produtiva. Um município pode ter uma ou várias vocações produtivas.
A formação do município de Palmeira se deu essencialmente em torno do Caminho das Tropas e mais tarde pela vinda de imigrantes europeus que fizeram a agropecuária prosperar significativamente introduzindo novas técnicas de cultivo e criação de animais.
Mas não foram apenas as atividades agropecuárias que prosperaram, afinal nesta fusão de etnias entre negros, portugueses, alemães, poloneses, russos, franceses, italianos, e outros, viu-se nascer uma diversificada riqueza cultural materializada nas edificações, na gastronomia, usos e costumes e outros que ainda persistem em nosso município.
Hoje uma das principais atividades do Município de Palmeira é a produção agropecuária, e ainda, segundo dados de IBGE do senso demográfico de 2000, dão conta de que em nosso município esta porcentagem fica em 56%, e por outro lado possuímos cerca de 44% de população que vive no meio rural, estes últimos distribuídos em diversos núcleos populacionais da zona rural, com predominância das mini e pequenas propriedades rurais, onde é desenvolvida a agropecuária familiar.
Outro fato de relevante importância e que contribui para uma possível consolidação do turismo em nosso município é o fato da proximidade geográfica de grandes centros urbanos, emissores de turistas, como a cidade de Curitiba.
Partindo destes pressupostos é possível afirmar que a vocação agropecuária pode vir a contribuir para uma possível vocação turística, tornando este ultimo vir a se tornar uma alternativa de desenvolvimento aproveitando os recursos naturais e culturais, ainda preservados no meio rural e ao mesmo tempo contribuindo para diversificar a economia de pequenos proprietários rurais, e melhorando sua qualidade de vida. Fala-se em alternativa por se considerar que não é necessário ao abandono das atividades agropecuárias tradicionais em detrimento do turismo.
É inquestionável a existência de potencialidades turísticas latentes em nosso município (principalmente ligadas ao turismo rural). Todavia, a simples existência de uma potencialidade ou de uma vocação não é suficiente, havendo a necessidade de existência de um produto final capaz de ser comercializado. Tal processo, exige um esforço em conjunto de toda a sociedade, para o planejamento e consolidação do turismo de maneira integrada e interdependente a cadeia produtiva local, tornando-se assim um agente efetivo de melhoria das condições socioeconômica da população local.
Luiz Fernando Roscoche
A formação do município de Palmeira se deu essencialmente em torno do Caminho das Tropas e mais tarde pela vinda de imigrantes europeus que fizeram a agropecuária prosperar significativamente introduzindo novas técnicas de cultivo e criação de animais.
Mas não foram apenas as atividades agropecuárias que prosperaram, afinal nesta fusão de etnias entre negros, portugueses, alemães, poloneses, russos, franceses, italianos, e outros, viu-se nascer uma diversificada riqueza cultural materializada nas edificações, na gastronomia, usos e costumes e outros que ainda persistem em nosso município.
Hoje uma das principais atividades do Município de Palmeira é a produção agropecuária, e ainda, segundo dados de IBGE do senso demográfico de 2000, dão conta de que em nosso município esta porcentagem fica em 56%, e por outro lado possuímos cerca de 44% de população que vive no meio rural, estes últimos distribuídos em diversos núcleos populacionais da zona rural, com predominância das mini e pequenas propriedades rurais, onde é desenvolvida a agropecuária familiar.
Outro fato de relevante importância e que contribui para uma possível consolidação do turismo em nosso município é o fato da proximidade geográfica de grandes centros urbanos, emissores de turistas, como a cidade de Curitiba.
Partindo destes pressupostos é possível afirmar que a vocação agropecuária pode vir a contribuir para uma possível vocação turística, tornando este ultimo vir a se tornar uma alternativa de desenvolvimento aproveitando os recursos naturais e culturais, ainda preservados no meio rural e ao mesmo tempo contribuindo para diversificar a economia de pequenos proprietários rurais, e melhorando sua qualidade de vida. Fala-se em alternativa por se considerar que não é necessário ao abandono das atividades agropecuárias tradicionais em detrimento do turismo.
É inquestionável a existência de potencialidades turísticas latentes em nosso município (principalmente ligadas ao turismo rural). Todavia, a simples existência de uma potencialidade ou de uma vocação não é suficiente, havendo a necessidade de existência de um produto final capaz de ser comercializado. Tal processo, exige um esforço em conjunto de toda a sociedade, para o planejamento e consolidação do turismo de maneira integrada e interdependente a cadeia produtiva local, tornando-se assim um agente efetivo de melhoria das condições socioeconômica da população local.
Luiz Fernando Roscoche
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